DOMINGO, 2 DE OUTUBRO DE 2022 Análise: Atlético-MG tem 2º tempo de alto nível, Cuca "mexe o doce" e ganha paz para novos capítulos

Há alguns dias, o gerente de futebol do Atlético-MG, Victor Bagy, disse algo interessante: em outras palavras, falou que muitas vezes o jogador quer vencer não para desfrutar em si, mas para ganhar paz no dia a dia, profissional e pessoal. É a sensação que o Galo voltou pra casa após vencer o Fluminense no Mineirão, no sábado à tarde.

Claro, a situação do Atlético no Brasileiro só irá mudar para um ataque consistente ao G-4 da Libertadores se houver sequência de vitórias. O próximo desafio é contra o Santos, fora de casa, onde o Galo costuma sofrer. Mas vencer o vice-líder Flu traz lições para o Atlético manter, por exemplo, a performance do segundo tempo.

Diante de uma equipe bem treinada por Fernando Diniz, que tem a posse de bola e conexões mecanizadas de passes, o Galo suportou alguns minutos "nas cordas" na etapa inicial. O começo do jogo foi animador, veio um momento mais tenso, até que Hulk balançou as redes em rápida jogada de contra-ataque. Algo que não se via há um tempo no time.

Hulk celebra um dos dois gols diante do Fluminense — Foto: Pedro Souza/CAM

Hulk celebra um dos dois gols diante do Fluminense — Foto: Pedro Souza/CAM

Otávio roubou, Zaracho leu bem a falha de posicionamento de Felipe Melo e serviu Hulk para uma finalização fria. O atacante estava em mais um dia de alto nível. Se deslocou, achou espaço na pesada zaga do Flu, foi opção de passes na zona central e nas pontas. No segundo tempo, o Galo teve chance de construir até um placar elástico.

Hulk fez outra vez, em pênalti que ocasionou expulsão de Manoel (via VAR). E o Atlético soube administrar a partida. O Fluminense praticamente não acertou o gol de Everson na etapa final. Obviamente, nem tudo são flores. Ademir, por exemplo, errou gol na cara. Os laterais Rubens e Mariano foram sacados por questões físicas. Mariano, inclusive, tem atuado pior que seu reserva Guga.

 

Mas o jogo contra o Flu, além de trazer novamente os gols de Hulk para o time, ainda foi uma retomada do bom futebol de Zaracho, atuando como terceiro homem de meio de campo, mais na ligação. O Atlético ainda precisa melhorar, por exemplo, nos cruzamentos de linha de fundo, ou achar alternativas mais eficazes para esse tipo de lance, já que Hulk (pela estatura) nunca foi um cabeceador de quinto andar.

O Atlético venceu o bom time e vice-líder Fluminense e, principalmente, dentro de casa. Saiu a zica. Alguns fatores novos foram usados, seja por mística ou não: concentração antes do jogo, aquecimento dos jogadores na antessala do vestiário no pré-jogo, Galo começou o jogo atacando para o gol da lagoa da Pampulha. De concreto mesmo, os efeitos das mudanças de peças titulares, como a participação de Otávio na contenção, a dupla Jemerson e Alonso.

"Vitória traz o normal ao Galo, ganhar no Mineirão", comemora Carol | A Voz da Torcida

Cuca "mexe e remexe o doce". Não deu certo conta Bragantino, Avaí e Palmeiras. Só que a vitória veio. O técnico disse que o Galo ainda deve no Brasileiro. É verdade. Mas ao menos demonstrou sinais de mudança de comportamento na partida.

No cenário ideal para transformar a reta final de 2022 em benéfica e motivo de orgulho do torcedor, a missão segue espinhosa: vencer seis das nove rodadas finais, somar mais 18/19 pontos e chegar aos 62, capaz de dar boas previsões de G-4, zona de classificação direta à fase de grupos Libertadores.