TERÇA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2022 Identidade marca início da Copa do Mundo; Inglaterra preta cala racistas

Os melhores minutos de cada uma das oito seleções que já estrearam na Copa do Mundo aconteceram quando elas respeitaram sua identidade, colocando em ação seus principais trunfos. Gales mostrou sua cara a partir da entrada de Kieffer Moore, centroavante que disputa e ganha bolas longas para a equipe começar a construir a partir do rebote.

Mais cedo, a Holanda se encontrou ao entender que a bola precisava passar por Frenkie de Jong, mesmo ele marcado com eficácia pelo senegalês Idrissa Gana Gueye.

A Inglaterra reuniu o talento que marca essa geração, com Jude Bellingham, Bukayo Saka e Mason Mount ganhando protagonismo na construção, ao lado de um Harry Kane cada vez mais maduro em sua movimentação de sair da área e gerar superioridade e espaços.

 

Saka e Bellingham comemoram um dos seis gols da Inglaterra contra o Irã — Foto: Reuters

Saka e Bellingham comemoram um dos seis gols da Inglaterra contra o Irã — Foto: Reuters

 

Simbólico: teve cinco dos seis gols marcados por jogadores pretos, dois deles – Saka e Rashford – ofendidos por racistas após desperdiçarem suas cobranças de pênalti na final da Euro contra a Itália, no ano passado. Que os malditos racistas nem tenham comemorado. Sem esses gols, o English Team teria perdido.

Holanda e Senegal fizeram o melhor dos primeiros quatro jogos no Catar. O mais competitivo e equilibrado em bom nível técnico. Louis Van Gaal recorreu ao sistema habitual com três zagueiros, surpreendendo com Matthijs de Ligt em vez de Jurrien Timber, que talvez fizesse mais sentido para ocupar a faixa direita do campo e permitir ao ala Denzel Dumfries se transformar no ponta que costuma ser.

O meio-campo bem ofensivo, com Steven Berghuis e Cody Gakpo, não funcionou. Perdeu capacidade de retenção de posse de bola e perdeu duelos para os volantes senegaleses, Cheikhou Kouyaté e Nampalys Mendy, muito intensos.

 

Cody Gakpo comemora o gol em Holanda x Senegal — Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach

Cody Gakpo comemora o gol em Holanda x Senegal — Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach

 

Ainda assim, em transições rápidas obtidas a partir da atração de marcadores, a Holanda teve duas jogadas que deveriam ter terminado em gol no primeiro tempo. Houve preciosismo na hora de finalizar. Gakpo, em excelente cruzamento de De Jong, e Davy Klaassen, no fim, garantiram a vitória. Os dois gols tiveram má participação do ótimo goleiro Edouard Mendy.

Para Senegal, a boa notícia foi ter competido em alto nível mesmo sem Sadio Mané, sem abrir mão de seus princípios ofensivos e de pressionar o adversário. Preocupantes as lesões de Kouyaté e do zagueiro Abdou Diallo, que atuou como lateral-esquerdo.

Outro destaque foi a Inglaterra, que fez parecer fácil a missão de destravar a marcação do Irã de Carlos Queiroz – pela terceira Copa consecutiva no comando da equipe. A circulação rápida da bola e os triângulos pelos lados, com boas movimentações, geraram bons espaços de infiltração, e Jude Bellingham mostrou maturidade na interpretação de cada um deles. Assim, fez de cabeça o gol que abriu o caminho da goleada.

As quatro substituições feitas de uma só vez por Gareth Southgate serviram para descansar alguns titulares e esbanjar o talento deste elenco. Entraram Phil Foden, Eric Dier, Marcus Rashford e Jack Grealish. Um luxo.

No caso dos Estados Unidos, assumir tão inteiramente sua identidade rendeu bons e maus momentos. Um time muito jovem demonstrou personalidade para enfrentar um País de Gales desinteressadíssimo da posse de bola, compacto em bloco médio-baixo de marcação. Depois de abrir o placar, faltou tamanho e experiência para evitar que o ritmo caísse tanto.

 

Timothy Weah comemora o gol em Estados Unidos x País de Gales — Foto: REUTERS/John Sibley

Timothy Weah comemora o gol em Estados Unidos x País de Gales — Foto: REUTERS/John Sibley

 

Na abertura, o Catar, com todos os jogadores na liga local, sucumbiu ao nervosismo diante de um Equador com atuações individuais vistosas de Enner Valencia e Jhegson MéndeOs grupos A e B caminham para cumprir as expectativas iniciais: Holanda e Inglaterra avançando, Equador e Senegal disputando uma vaga, e, na outra chave, equilíbrio entre Estados Unidos, País de Gales e até mesmo o Irã, apesar da estreia desastrosa.