O Corinthians passou longe, bem longe, de empolgar seu torcedor na Argentina. Os mais de 2 mil corintianos que estiveram no estádio Diego Armando Maradona, na última quarta-feira, em Buenos Aires, pouco cantaram ao longo de um jogo de muita luta e poucas soluções.

O empate em 0 a 0 com o Argentinos Juniors, pela quarta rodada da fase de grupos da Conmebol Libertadores, mantém o Timão vivo e com chances na competição, mas nem de longe dá motivos para acreditar em uma classificação às oitavas de final. É um time que desconfia de si mesmo e urge pela volta de seu principal meio-campista.

Depois do jogo, Renato Augusto passou rapidamente pela zona mista e disse que ainda não sabe se retorna ao time contra o Atlético-MG, em 31 de maio, data que parece ser limite para ter de volta o único jogador capaz de organizar um time em frangalhos. Ele está recuperado de lesão, viajou com o elenco e viu, de novo, o quanto o time precisa dele.

Carlos Miguel em Argentinos Juniors x Corinthians — Foto: Staff Images/Conmebol

Na Argentina, o Corinthians apresentou velhos problemas e nenhuma nova solução. Pior: perdeu Paulinho, que vinha em ascensão nos últimos jogos, por lesão ainda no primeiro tempo. Foi o sétimo jogo de Vanderlei Luxemburgo e, pela sétima vez, o treinador não venceu.

Várias questões atormentam um time absolutamente descompactado: o Timão não conseguiu fazer a bola passar pelo meio-campo, onde Fausto Vera pareceu sozinho ao tentar organizar a saída de bola, e abusou de jogadas sem sucesso pelos lados do campo.

Do outro lado, bateu de frente com um rival que tinha desfalques importantes, como o volante Federico Redondo e o centroavante Gabriel Ávalos, mas que se manteve organizado e apegado às suas ideias de um jogo compactado e de marcação avançada.

Nem quando Thiago Nuss foi expulso, depois da metade do segundo tempo, houve melhora no Timão. Wesley substituiu Adson e pouco mudou o panorama da equipe, que sofreu certa pressão nos minutos finais e em nenhum momento se arriscou pela vitória.

O Corinthians sai da Argentina com um ponto que pode ser fundamental para seu futuro na competição, mas com a impressão de que teria tido muitos problemas se enfrentasse o rival com todos os titulares, assim como foi na Neo Química Arena, na derrota por 1 a 0.

Luxemburgo, protagonista de entrevistas às vezes desconectadas da realidade, parece não ter ainda uma clareza de soluções para o elenco que tem em mãos, embora confie cegamente numa evolução a curto prazo. Enquanto isso, lida com irritação e frustração do torcedor com um time que não rende.

Murillo lamenta gol perdido em Argentinos Juniors x Corinthians — Foto: Staff Images/Conmebol

Torcida não se empolga

Em Buenos Aires, também chamou a atenção a morosidade de boa parte da torcida corintiana que lotou o setor visitante. Longe da euforia e empolgação de costume, os presentes pouco cantaram ao longo do jogo e por vezes entoaram músicas de protesto.

"Ai que saudade de quando o Corinthians jogava com vontade", foi uma das mais ouvidas, além de outra pedindo raça antes mesmo da bola rolar.

Ao ge, alguns dos presentes ligados à principal organizada do clube argumentaram que houve boicote aos instrumentos e materiais da entidade por parte da polícia local, além de atrasos e problemas com os ônibus das caravanas. Também havia a presença de alguns turistas locais.