SEXTA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO DE 2022 Não veio o hexa no futebol, mas o esporte olímpico teve o que comemorar; veja destaques de 2022

 

Rebeca Andrade é homenageada no Flamengo, seu clube desde os 11 anos, após a conquista do ouro e do bronze no Mundial de Liverpool

Rebeca Andrade é homenageada no Flamengo, seu clube desde os 11 anos, após a conquista do ouro e do bronze no Mundial de Liverpool Gilvan de Souza/Flamengo

 

O ano de 2022 foi marcado pela primeira Copa do Mundo de futebol no Oriente Médio e pela desclassificação do Brasil nas quartas-de-final nos pênaltis. Mas também por desempenhos destacados de atletas olímpicos nos mundiais de suas respectivas modalidades. Segundo levantamento do Comitê Olímpico do Brasil (COB), o país conquistou 23 medalhas nos Campeonatos Mundiais ou torneios equivalentes, considerando as provas que estão no programa olímpico de Paris-2024.

E, assim como em 2021, ano dos Jogos de Tóquio, 2022 foi das mulheres. O destaque absoluto foi Rebeca Andrade, campeã mundial do individual geral, a prova mais nobre da ginástica, e bronze no solo, em Liverpool, na Inglaterra. Ela foi a única brasileira a ganhar duas medalhas em Mundial este ano (considerando o programa olímpico), candidatando-se a favorita para a edição de Paris-2024.

A seu lado brilharam ainda com os títulos mundiais as judocas Mayra Aguiar (categoria até 78kg) e Rafaela Silva (categoria até 57kg), a dupla do vôlei de praia Ana Patrícia/Duda (somaram 11 pódios na temporada, entre os internacionais e os nacionais) e Rayssa Leal, que se tornou a skatista mais jovem a ganhar o circuito feminino da modalidade sendo a primeira a vencer as quatro etapas da temporada.

Entre os homens, os campeões do mundo foram Filipe Toledo (surfe) e Alison dos Santos, o Piu, campeão mundial dos 400 m com barreira e ainda vencedor de todas as etapas da Liga Diamante nesta prova.

 

Piu e Letícia Melo foram os medalhistas brasileiros no Mundial de Atletismo: ele conquistou o ouro e ela, o bronze — Foto: Steph Chambers/Getty Images/AFP e ANDREJ ISAKOVIC / AFP

Piu e Letícia Melo foram os medalhistas brasileiros no Mundial de Atletismo: ele conquistou o ouro e ela, o bronze — Foto: Steph Chambers/Getty Images/AFP e ANDREJ ISAKOVIC / AFP

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O COB destacou que, das 23 medalhas nos Campeonatos Mundiais, sete são de ouro, seis de prata e dez de bronze. Além disso, vinte brasileiros "beliscaram" o pódio: sete ficaram em quarto lugar e outros 13, em quinto em mundiais.

A festa que premia os destaques do ano será realizada em fevereiro. Não foi divulgada ainda a lista dos melhores em cada modalidade nem dos finalistas ao prêmio máximo de melhor atleta do ano nas categorias masculina e feminina.

 

Destaque prata e bronze

 

Na lista dos medalhistas de prata, encontra-se Isaquias Queiroz, com a conquista na prova C1 1000m. Na mesma competição, em Halifax, no Canadá, ele ganhou a prova C1 500m (a prova não faz parte do programa olímpico) e alcançou a marca de 14 medalhas em mundiais, sendo sete de ouro.

Já entre os medalhistas de bronze, está Ana Marcela, terceira colocada na prova dos 10km, em Mundial, em Budapeste, a única distância olímpica da modalidade.

Mas, na Hungria, ela também ganhou o ouro nos 25km e 5km, além do hexacampeonato do Circuito Mundial de maratonas aquáticas, em Israel (nos 10km). O título geral, que é o seu sexto título, veio com presença no pódio em todas as etapas. Foi ouro em Portugal e na França, prata em Israel e bronze no Canadá.

Ana Marcela Cunha, que se recupera de cirurgia no ombro, disputou 11 provas e foi ao pódio em todas elas.

— Estamos muito satisfeitos com os resultados de 2022. Além dos pódios, tivemos também uma série de atletas e equipes que chegaram muito próximos das primeiras colocações. Importante termos um leque cada vez maior de modalidades com possibilidades de bons resultados para alcançarmos objetivos ainda maiores no futuro —, afirmou Sebastian Pereira, gerente executivo de Alto Rendimento do COB.

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o Brasil conquistou medalhas em 13 modalidades diferentes. Este ano, nos mundiais, este número foi menor: 12. Mas, Pereira destacou que atletas de 15 modalidades ficaram entre o quarto e o oitavo lugares nas principais competições do calendário internacional.

Em 2022, modalidades que não conquistaram medalhas em Tóquio como canoagem slalom, ginástica rítmica, saltos ornamentais, taekwondo, tiro com arco e vôlei de praia chegaram muito próximas do pódio em seus respectivos mundiais.

 

Alvo

 

Rebeca, de 23 anos, que havia sido prata no individual geral em Tóquio-2020, sobrou este ano. Na mesma prova, somou exatamente um ponto e meio a mais que a norte-americana Shilese Jones, medalhista de prata.

Rebeca, que passou a ser "o alvo a ser batido", uma vez que hoje é a ginasta mais completa do mundo, falou que nada vai tirar a sua concentração em 2023. Nem a expectativa dos outros, nem a cobiça das rivais. Ela comentou que, como não pode controlar a expectativa das pessoas, foca em si mesma.

 

Veja todos os medalhistas do Brasil em Tóquio-2020

 

Rebca Andrade conquista a medalha de ouro no salto da ginásticaREUTERS

Ana Marcela Cunha, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de TóquioJonne Roriz/COB

 

Italo celebra o primeiro ouro da história do surfeAFP

Veja todos os medalhistas do Brasil em Tóquio-2020

 

— Preciso pensar no principal, que é fazer a minha parte. O foco tem de ser na minha apresentação. Problema das pessoas que querem que eu faça isso ou que não faça aquilo. Sou muito tranquila e, de verdade, não estou preocupada com que as outras ginastas vão fazer. Me preocupo com meu corpo e minha mente — disse a ginasta, durante homenagem que recebeu no Flamengo, clube que defende desde os 11 anos, logo após o Mundial.

Quem também comentou sobre ser o alvo no ano que vem foi Alison, de 22 anos. Ele teve temporada perfeita. Além do ouro em Oregon, com 46s29, o melhor tempo do ano e o terceiro melhor da história da prova, foi o campeão invicto da Liga Diamante, o mais importante circuito de competições da World Athletics.

Dos dez melhores tempos de 2022, Piu tem seis, sendo que correu três vezes abaixo dos 47 segundos (apenas Rai Benjamin também correu uma única vez). Piu, que ganhou o prêmio de melhor atleta do ano pela segunda vez, segundo a Confederação Brasileira de Atletismo, acredita que 2023 será um ano muito forte com alternâncias de protagonismo:

— Antes eu era coadjuvante, correndo num grupo intermediário, atrás do Benjamin (Rai Benjamin, campeão olímpico e mundial, atual medalha de prata em Tóquio-2020 e em Oregon) e do Warholm (Karsten Warholm, atual campeão olímpico, bicampeão mundial e recordista mundial da prova com 45s94). Agora sou o alvo e quero manter o título mundial. Mas, acho que antes do Mundial não serei tão visado assim. Se colocar os três medalhistas de Tóquio na pista, não dá para saber quem vai ganhar. A temporada será muito competitiva, pegada e emocionante.