QUINTA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2022 Opinião: entre tristeza e orgulho, Corinthians tem motivos para olhar para 2023 com esperança

Aquela que seria uma das mais corintianas conquistas acabou por se tornar uma das mais dolorosas derrotas. Por muito tempo a Fiel torcida vai se lembrar do gol perdido por Róger Guedes, dos pênaltis mal cobrados por Fagner e Mateus Vital ou do toque de mão de Léo Pereira ignorado pela arbitragem na primeira final da Copa do Brasil contra o Flamengo.

Porém, o torcedor que foi dormir triste com o vice-campeonato tem muitos motivos para acordar orgulhoso. No campo e na arquibancada, o Corinthians foi gigante no vice-campeonato da Copa do Brasil, após empate no tempo normal e tropeço nos pênaltis.

Diante de um adversário mais qualificado e maduro, que jogava em casa com mais de 60 mil torcedores a favor, a equipe de Vítor Pereira não só igualou forças como foi superior na maior parte do tempo, terminando o jogo com mais finalizações (11 x 16) e posse de bola (45% x 55%).

E isso mesmo tendo saído atrás no placar com seis minutos de jogo.

O baque no começo da decisão abalou por algum tempo a equipe, mas não a sua torcida. Cantando do começo ao fim - muito mais do que os rubro-negros em alguns momentos - a Fiel continuou o show que já havia dado na primeira final e no treino aberto da última segunda-feira.

Após o sufoco inicial, o Corinthians foi entrando na partida a partir dos 20 minutos, embora com muitas dificuldades para criar. Surpresa na escalação de Vítor Pereira, Lucas Piton era praticamente um homem a menos, participando pouquíssimo das ações ofensivas. O lateral-esquerdo deu apenas nove passes certos e cinco errados antes de ser substituído no intervalo.

A estratégia de VP deu errado não apenas pelo desempenho ruim de Piton, mas também porque empurrou Róger Guedes para o centro, onde ele jogava de costas para o gol e perdia boa parte dos duelos. Faltava também alguém para alargar o campo pelo lado direito, no qual Fagner apoiava timidamente.

Jogadores do Corinthians aplaudem a torcida após final da Copa do Brasil — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Jogadores do Corinthians aplaudem a torcida após final da Copa do Brasil — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Sem conseguir infiltrar na área, o Corinthians apelava para cruzamentos de média distância. Mas, assim como nas faltas e escanteios, a maioria surtia pouco efeito.

A entrada de Adson no intervalo mudou o jogo de figura. Aceso, o meia deu alternativas pelo lado direito e também liberou o corredor esquerdo para Fábio Santos avançar.

Mais exposto, o time foi salvo por Cássio e também pela arbitragem, que anulou corretamente gol de Éverton Ribeiro.

Renato Augusto não estava em uma de suas noites mais iluminadas, mas ainda assim era importante com passes e carrinhos. Yuri Alberto foi outro que compensou com transpiração a falta de inspiração.

Mas foi dos pés de Giuliano, artilheiro da Copa do Brasil, que a esperança alvinegra renasceu. Aos 36 minutos, ele deixou o placar mais justo e o tetra corintiano mais próximo do que nunca.

Embora superior àquela altura da partida, o Timão parecia satisfeito com o empate, confiando que o gigantismo de Cássio faria a diferença nos pênaltis. A defesa na primeira cobrança, de Filipe Luís, fortaleceu essa crença, mas não foi suficiente.

Corinthians terminará o terceiro ano seguido sem títulos, algo que não acontecia desde 1994. O cenário, no entanto, não é de terra arrasada. A permanência de Vítor Pereira é fundamental para os planos de 2023, mas mesmo que o português não fique o torcedor tem motivos para olhar para o futuro de maneira esperançosa.

Vítor Pereira antes de Flamengo x Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag Corinthians

Vítor Pereira antes de Flamengo x Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag Corinthians

A mescla entre jovens em ascensão e veteranos de qualidade pode render frutos no ano que vem, principalmente se bem reforçado (em qualidade, não quantidade). Além disso, o clube recuperou sua autoestima após duas temporadas sem brigar por nada e hoje está mais saudável administrativamente, embora ainda tenha um endividamento elevado.

A ferida levará um tempo para cicatrizar, mas o Corinthians pode sair dessa final maior do que entrou.