SEGUNDA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2023 Vídeo mostra soldador ameaçando marido de colega de trabalho um dia antes de ele morrer queimado em Mauá

Um vídeo enviado à TV Globo pela mulher de Fabrício Alves de Araújo mostra que, um dia antes de morrer após ter o corpo queimado, ele foi ameaçado pelo soldador Celso Edgar da Silva. O soldador trabalhava com a esposa de Fabrício em uma oficina.

 

Segundo a mulher, na quinta-feira (23), em Mauá, na Grande São Paulo, Celso, de 29 anos, ameaçou Fabrício, de 45, após uma discussão por causa de R$ 150. Fabrício teria defendido a mulher de insultos ditos por Celso.

 

No vídeo, o carro de Celso emparelha o de Fabrício, que pede para alguém filmar a ação. O soldador diz: "Filma aí". Fabrício o chama de "valentão" e completa: "Vem bater em mim". Celso, então, faz a ameaça: "Amanhã você vai trazer ela", se referindo à esposa da vítima.

 

Segundo a mulher, ela e Celso trabalhavam em uma oficina automotiva, no Parque Boa Esperança. A viúva atua no departamento administrativo e é responsável pelo pagamento dos funcionários. Ela disse que Celso reclamou que não havia recebido R$ 150 que o dono da empresa havia lhe prometido além do salário por ter feito um serviço extra.

 

Como não foi avisada desse acordo, a mulher falou que fez o pagamento ao soldador sem esse valor, o que, segundo ela, revoltou o empregado, que ficou agressivo. Depois disso, a funcionária disse que passou a ser hostilizada por Celso. Segundo ela, quando o marido foi buscá-la na oficina, o soldador começou a xingá-la. Fabrício e Celso acabaram discutindo.

 

Segundo a esposa, Celso disse a Fabricio: "Amanhã você vai ver. Amanhã você vai levar ela", disse a mulher, se referindo ao fato de o marido sempre levá-la de carro até o trabalho.

 

Na sexta-feira (24), quando Fabrício levou a esposa até o serviço, Celso o aguardava. Vídeo gravado por uma câmera de segurança mostra o momento em que o soldador sai de um carro preto e caminha até o veículo prata, onde estava a vítima. Os dois carros estavam estacionados na rua.

 

Em seguida, segundo contou a mulher, Celso jogou um líquido inflamável em Fabrício e ateou fogo. A vítima ainda saiu do carro, com o corpo em chamas, tentando pedir ajuda. O soldador fugiu sem prestar socorro.

 

Fabrício chegou a ser levado para o Hospital Nardini, mas não resistiu aos ferimentos e morreu com 80% do corpo com queimaduras.

 

Investigação

O caso foi registrado como homicídio doloso (aquele no qual há a intenção de matar) qualificado por motivo fútil, emprego de fogo e emboscada sem dar chance de defesa à vítima. 

 

Após isso, o 3º Distrito Policial (DP) pediu a prisão temporária de Celso à Justiça, segundo informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP). A pasta foi procurada nesta segunda-feira (27) para comentar o assunto, mas não confirmou se a prisão foi decretada.

 

Inicialmente, a Prefeitura de Mauá havia informado que Celso era chefe da esposa de Fabrício. A administração também havia dito que era a esposa da vítima que estava cobrando dinheiro da oficina.

 

Mas a mulher negou as informações preliminares, dizendo que o agressor é, na verdade, funcionário da oficina como ela. O verdadeiro proprietário não foi localizado para comentar o assunto. A defesa do soldador também não foi encontrada.

 

Fabrício deixou dois filhos. Ele estava desempregado e iria começar a trabalhar em um novo emprego como empilhador nesta semana.

 

Vítima foi atacada quando estava dentro do carro em Mauá — Foto: Reprodução

Vítima foi atacada quando estava dentro do carro em Mauá — Foto: Reprodução