Um jovem de 22 anos, morador em Araçatuba (SP), foi preso acusado de constranger e ameaçar mulheres visando manter relações sexuais com ele, que passou a ser investigado pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Birigui, após denúncia do estupro de uma adolescente de 15 anos, ocorrido em 2022.

Com base nos laudos da perícia realizada no celular dele, a polícia identificou outras três vítimas, entre elas, uma adolescente de 14 anos. Todas já foram ouvidas e confirmaram as acusações. 

O Hojemais Araçatuba teve conhecimento do caso após o cumprimento do mandado de prisão preventiva contra o investigado, que foi expedido pela Justiça de Birigui. Ele foi preso pela Polícia Militar de Araçatuba na tarde de última segunda-feira (24) e denunciado. Como a Justiça de Birigui acatou a denúncia, ele já é réu no processo.

O delegado Ícaro Oliveira Borges, que é responsável pela investigação, informou que a Polícia Civil tomou conhecimento do caso em agosto de 2022, após ser comunicada pela Polícia Militar sobre o estupro de uma adolescente com 15 anos na época.

A vítima, que é de Birigui, relatou que passou a manter contato com o investigado um ano antes, quando tinha 14 anos, por meio do aplicativo WhatsApp. Eles falavam sobre assuntos diversos, mas a menina deixou de ter contato com ele quando começou a namorar.

Dinheiro

Ainda de acordo com o que foi apurado pela polícia, no início de julho do ano passado a adolescente voltou a conversar com o investigado por meio do aplicativo. Ela comentou com ele que precisava de dinheiro e, aproveitando-se da situação, o acusado teria proposto dar dinheiro à vítima, caso fizesse sexo com ele.

De início a vítima teria aceitado a proposta e os dois se encontraram em Birigui. O investigado chegou ao local combinado de carro, vindo de Araçatuba, e a levou a um local afastado. A polícia obteve imagens dele com o carro na cidade. Durante a conversa a adolescente teria dito que estava arrependida e não queria mais manter relação sexual com o investigado.

Porém, diante da recusa, ele teria puxado parte da roupa da vítima, vindo a descobrir os seios dela. O réu teria passado a beijar o corpo da adolescente, que o repreendeu, mandando que parasse. Ao atender a ordem, ele teria pego o celular, simulado fotografar os seios da vítima e ameaçado enviar as fotos para o namorado e para os familiares dela, caso recusasse a manter relação sexual com ele.

Estupro

Diante da ameaça e imaginando os problemas que teria caso as fotos chegassem ao conhecimento dos familiares dela, a adolescente abaixou a roupa e o ato sexual foi consumado dentro do carro do investigado, que não usou preservativo.

Durante a relação, a vítima passou a chorar e deu uma cotovela nas costelas do investigado, que saiu de cima dela e voltou para o banco dele no carro. Quando a adolescente pegou o celular do acusado para apagar as fotos, ela descobriu que não havia sido fotografada por ele.

A vítima foi deixada pelo investigado no local onde havia marcado o encontro, mas em seguida passou a receber mensagens enviadas por ele, com ameaças de contar o que havia ocorrido ao namorado e demais familiares dela.

Com medo, a adolescente acionou a Polícia Militar, que após tomar ciência do caso comunicou a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Birigui. A vítima passou por atendimento médico, por exame de corpo de delito e foi encaminhada para acompanhamento psicológico.

Confessou

Após instauração de inquérito, o delegado identificou o autor e representou pelo mandado de busca e apreensão do celular dele. O mandado foi expedido pela Justiça e após o aparelho ser apreendido, o investigado foi ouvido.

Ao prestar declarações, ele alegou que havia oferecido R$ 250,00 para a adolescente manter relação sexual com ele, confirmou que o ato foi consumado, mas disse que foi com o consentimento dela. As investigações prosseguiram e o acusado permaneceu em liberdade até ser preso, na segunda-feira. 

Acusado usava imagens de nudez para chantagear as vítimas

Segundo a polícia, a análise feita no celular apreendido com o investigado por estupro contra uma adolescente de 15 anos em Birigui, apontou a forma que ele agia para coagir as vítimas. O laudo mostrou ainda que ele encontrava satisfação sexual em ver mulheres sofrerem violações na dignidade sexual, liberdade sexual, integridade corporal e liberdade individual.

Análise feita no aparelho apontou que entre 21 e 24 de outubro de 2022, foram registradas 18 buscas pela palavra "estuprada" , quatro buscas pela palavra "estupro" e procuras por vídeos pornográficos no Google.

Também foi apurado que o investigado costumava usar as redes sociais para abordar mulheres, na imensa maioria adolescentes, as quais passava a assediar. Ele oferecia dinheiro por fotos e vídeos de nudez, mas após receber as imagens enviadas pelas vítimas, não fazia o pagamento, o que configuraria violência sexual mediante fraude.

“O fato é que, após ter as imagens íntimas das vítimas no celular, o investigado passava a chantagear as jovens, exigindo dinheiro ou sexo, sob ameaça de divulgar esse conteúdo”, informa o delegado Ícaro Oliveira Borges.

Ainda segundo o que foi informado, quando as vítimas não enviavam os arquivos com imagens ou vídeos íntimos, o próprio investigado fazia os registros com o celular dele, sem a devida autorização.

Print de conversa do celular do acusado fazendo ameaça de estupro contra uma das vítimas (Foto: Reprodução)

Ameaças

A investigação apontou que o acusado usava essas imagens para chantagear e constranger as mulheres com quem mantinha contato, proibindo-as de utilizar a rede social e até ameaçando ir às casas delas, dizendo que iria estuprá-las. A perícia encontrou registros de mensagens com as vítimas no celular dele.

“Ele causava dano emocional à vítima, ao controlar suas ações, mediante ameaça de exposição da nudez pela internet, causando-lhe prejuízo à autodeterminação”, comenta o delegado.

Ainda de acordo com Borges, das mulheres identificadas e ouvidas, todas confirmaram que foram vítimas dos crimes que teriam sido praticados pelo acusado. Além da adolescente de Birigui, foram identificadas outras três vítimas, uma delas de Araçatuba e duas do Estado de Rondônia, incluindo uma adolescente de 14 anos.

Preso

Foi por considerar que o acusado não apresenta a mínima condição de viver em sociedade que o delegado representou pelo mandando de prisão preventiva e foi atendido.

Ele deve permanecer à disposição da Justiça e já responde a processo. O acusado foi indiciado por 15 crimes, incluindo o estupro contra a adolescente de Birigui e ameaça contra ela e as outras três vítimas identificadas. Ele também foi denunciado por violação sexual mediante fraude; registro não autorizado da intimidade sexual; constrangimento ilegal; violência psicológica contra a mulher; e extorsão, além da ameaça, no caso das quatro vítimas.

Como havia vídeo de pornografia envolvendo adolescente no celular do acusado, o acusado também responde por esse crime, que prevê pena de 1 a 4 anos de prisão e multa. A polícia não descarta a possibilidade de surgirem novas vítimas após a prisão do acusado, o que resultaria em um novo inquérito.