DOMINGO, 2 DE JULHO DE 2023 ÀS 13:06:31
Adelmo Pinho tem novos projetos após primeiro livro de crônicas

“Comer é necessário; Refletir também”, é o título da primeira obra literária do promotor de Justiça Adelmo Pinho, que atua no Tribunal do Júri de Araçatuba (SP), mas também é conhecido pelas crônicas que publica semanalmente na imprensa local e regional.

 

O lançamento ocorreu na sexta-feira (30) na Santo Pão Cafeteria, com a presença de centenas de convidados, marcando o início de uma promissora carreira no mundo literário, pois ele já tem novidades previstas, mas que serão anunciadas no final dessa reportagem. Por enquanto, vamos falar um pouco da trajetória do autor. Adelmo Pinho contou ao Hojemais Araçatuba que há mais de duas décadas escreve textos relacionados à área jurídica.

 

Ele é coautor de “Manual Básico de Saúde Pública” , um livro sobre saúde pública produzido em conjunto com os promotores de Justiça Marcelo Sorrentino Neira, Dório Sampaio Dias, Fabiano Pavan Severiano e Fernando César Burguetti, com participação da especialista na área de Saúde de Penápolis, Lenise Patrocínio Pires Cecílio. Lançado pelo Ministério Público em 2012, foram produzidos 20 mil exemplares que foram distribuídos nas cidades da região.

 

 

Literatura 

 

Já o interesse pela produção de crônicas e artigos, segundo Adelmo Pinho, surgiu há cerca de três anos. O incentivo maior, de acordo com ele, foi a indignação com muitas coisas que discorda na sociedade atual e que podem ser aperfeiçoadas.

 

"Já li muitas crônicas de vários autores, mas em especial, gosto muito dos textos e livros de Machado de Assis, sendo ele uma fonte de inspiração e perfeição; mas, sou um mero aprendiz na arte da literatura. Machado de Assis foi um gênio, equiparado mundialmente a Shakespeare. A literatura nacional é muito rica. Precisamos conhecê-la melhor, para entender a sociedade brasileira como ela é, a desigualdade social e o preconceito estrutural que a domina", explica.

 

Basta ler as crônicas publicadas por Adelmo Pinho para perceber o quanto a filosofia é importante na formação dele. "Gosto muito de filosofia. A filosofia é residual; tudo o que não for ciência, é filosofia. Ela explica o ser humano, a vida, o amor, a natureza, a política, a justiça ... Por isso que os filósofos e pensadores em geral desagradam quem detém o poder para fins particulares, porque costumam lançar publicamente ideias novas, que podem atrapalhar os interesses de maus governantes. Lidar com ignorantes é mais fácil ...", argumenta.

 

 

Livro 

 

Adelmo Pinho conta que “Comer é necessário; Refletir também” , é resultado da compilação dos diversos artigos e crônicas que já escreveu. Para compor o livro, ele optou por escolher os textos que mais poderiam levar as pessoas a refletir, sobre temas que reputou importantes e que mais afligem a sociedade.

 

O autor explica que o título da obra possui relação a algo que é vital ao ser humano, a alimentação (comer), equiparando-a ao ato de refletir, que é exclusivo do ser humano. "Bicho come para sobreviver, como o homem, mas não pensa. A reflexão é uma forma especial de pensamento, algo maior no pensar sobre determinado assunto", explica.

 

Adelmo Pinho conta que pensou em escrever textos sobre temas variados, por acreditar serem mais atraentes aos leitores, para que se tenha interesse em ler e pensar sobre assuntos diversos. "Precisamos de uma visão contextual do mundo e não seccionada. É também uma forma de incentivar a leitura. O Brasil está no final da fila no mundo da leitura, como apontam pesquisas internacionais, como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). A cultura e a literatura precisam de fomento. Livrarias estão fechando ... A educação no país precisa evoluir muito para ser mediana", comenta.

 

Hojemais Araçatuba perguntou se ele acredita que as gerações atuais têm tido menos interesse pela leitura tradicional devido à modernidade tecnológica. Para o autor, a nova geração de pessoas apenas pratica a leitura de forma diferente da tradicional, dos séculos passados.

 

"A leitura, depois da criação da internet, feita através de computadores e máquinas, é diferente do livro físico, mas não deixa de ser importante. Tudo tem a sua beleza e utilidade. O problema, parece-me, é que no mundo atual impera a tacocracia, ou seja, tudo é acelerado. Para os jovens, ler um livro, físico e com muitas páginas, principalmente, pode significar “perder tempo”, quando, na verdade, é o contrário" , diz.

 

 

Prazer 

 

E esse mundo onde as pessoas são cheias de atribuições não é exclusividade dos mais jovens. Por isso, Adelmo Pinho foi questionado sobre como encontra tempo para produzir textos semanalmente para serem compartilhados com o público por meio da imprensa.

 

"Escrever para mim é prazeroso. Gosto muito de ler, isso ajuda a escrever e ter ideias inovadoras. A leitura estimula o senso crítico, aumenta a concentração e alimenta o cérebro. Tempo para isso se faz, embora algumas vezes com sacrifício pessoal e familiar. Muitos desses textos são ideias extraídas de vários livros. Já li livro com mais de 400 páginas, para resumir a ideia num artigo de poucas linhas, não sendo uma tarefa fácil. Mas, se for útil a um leitor, já valeu a pena. Por isso, penso que o escritor precisa ser mais valorizado no Brasil, o que tenho aprendido com o contato com escritores veteranos", conta.

 

Agora vem a surpresa: quem pensa que Adelmo Pinho pretende parar com a publicação de “Comer é necessário; Refletir também”, se engana. Ele revelou que já tem outro livro finalizado, mas com um formato e proposta totalmente diferentes deste atual. "O tema não vou adiantar e nem o gênero literário, mas acho que será interessante para o leitor", adianta.

 

De acordo com ele, quem ficou curioso terá que esperar até o próximo ano, quando pretende apresentar o novo livro. "Penso que um livro depois de publicado, deixa de pertencer ao autor, passando a ser da sociedade. Publicar este livro não é um projeto do ego, mas uma forma de discutir sobre a vida, ideias, pessoas e a sociedade contemporânea, que nada tem de perfeita", finaliza.

 

 

Adelmo Pinho é membro e fundador da Academia Penapolense de Letras

 

 

O interesse de Adelmo Pinho pela literatura rendeu a ele, um convite para ser fundador e membro da recém-criada Academia de Letras de Penápolis, que teve sua primeira atividade pública realizada no último dia 21, data em que foi comemorado o nascimento de Machado de Assis, há 184 anos.

 

O evento no Museu do Sol reuniu escritores de Penápolis e região, músicos, artistas em geral e apreciadores de cultura, com realização de um sarau lítero e musical. Na oportunidade, foi tornado público o Manifesto da Academia, em que trata das atividades e objetivos da instituição.

 

Pinho comenta que o convite surgiu de literatos do município, que considera um dos berços culturais da região de Araçatuba. "Atuei naquela comarca como Promotor de Justiça por 16 anos, desenvolvendo também projetos culturais e sociais diversos. Em 2008, recebi o título de Cidadão Penapolense. Considero-me 'filho' de Penápolis. Escrevo também meus textos para o Jornal 'Diário de Penápolis'" , conta.

 

O cronista considera grande a responsabilidade em ser um membro de uma Academia de Letras, mas afirma que irá se esforçar para corresponder às expectativas, fazendo dessa experiência um eterno aprendizado e um desafio.

 

 

Academia

 

No sarau realizado no Museu do Sol foram apresentados os escritores já definidos como acadêmicos, que se somarão a outros para serem formalizados fundadores da APL em ato próprio.

 

Além de Adelmo Pinho, outros dois escritores residentes em Araçatuba, mas com vínculo com Penápolis, foram convidados e aceitaram ser acadêmicos fundadores: Hélio Consolaro e Tito Damazo.

 

“De acordo com o estatuto, os três são escritores e têm contribuído para a cultura local” , explicou o poeta João Luís dos Santos, um dos idealizadores da nova academia. Ele é autor de “Penapoleia Desvairada” , de poemas e narrativas curtas, “ Uns e outros versos” “Os entes do mundo nosso”, só de poemas. “Penapoleia” será relançado sem as narrativas curtas. “Uns e outros versos” tem o prefácio do poeta amazonense Thiago de Mello, falecido no ano passado.

 

Hélio Consolaro é autor de sete livros, sendo cinco de crônicas (“Cobras e lagartos”, “Cerveja e uma porção de bobagens”, “Filósofo de semáforo”, “Casar! Contra quem?” “Analógicos de digitais”) , um de poemas (Urubu branco) e um didático. Em breve estará lançando “Anjo de plantão na UTI – Crônicas sobre a covid 19”.

 

Tito Damazo tem cinco obras publicadas: “Insubmissão” “Contrabaixo”, de poemas, “Sob a batuta do bicho grilo” (infantojuvenil), “Ferreira Gullar: uma poética do sujo” “O canto do povo de um lugar – uma leitura das canções de João do Vale”. Os dois últimos são resultados de seus trabalhos acadêmicos de mestrado e doutorado.

 

E Adelmo Pinho e autor de “Comer é necessário; refletir também”, que reúne textos publicados na imprensa regional.

 

 

Lançamento aconteceu na noite de sexta-feira, com a presença de centenas de convidados (Foto: Lázaro Jr./Hojemais Araçatuba)


Fonte: HojeMais