
A audiência pública realizada nesta quarta-feira (3) na Câmara de Araçatuba (SP) para ouvir propostas da população sobre o serviço de estacionamento rotativo foi uma oportunidade para os participantes reclamarem dos serviços prestados pela Arapark.
No próximo dia 17 será encerrado o contrato de dez anos com a empresa que administra a zona azul. Como o TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado) apontou a necessidade de realização de um chamamento público para a concessão do serviço, o atual contrato não poderá ser renovado e Araçatuba deve ficar um período sem o serviço.
A primeira a se manifestar durante a audiência foi Luciana Ferreira Martiniano, que é presidente da Alca (Associação Comercial dos Lojistas do Calçadão de Araçatuba). Ela reclamou dos vários problemas que, estariam afastando os clientes do comércio central.
“Na hora que você coloca o carro lá, você não encontra nenhuma moça, não tem nenhum lugar capacitado para estar comprando o valinho lá, praticamente elas se escondem. E tem até loja lá no Calçadão onde elas ficam escondidas mesmo, que eu já tenho comprovação. Aí elas saem na hora, só vêm pra dar multa”, denunciou.
Ainda de acordo com ela, para não ter que pagar o aviso de irregularidade por não ter colocado a zona azul, que hoje é no valor de R$ 20,00, o cliente prefere não ir ao Calçadão, para fazer as compras onde não tem zona azul.
“A gente precisa fazer o pessoal querer ir para o comércio, que é isso que a gente está querendo fazer”, disse. Ela sugeriu que o dinheiro arrecadado seja revertido para melhorias para o próprio comércio, que é quem mantém o serviço.
Multas
Outro comerciante estabelecido na rua General Glicério reclamou de ter sido notificado por uma atendente que teria sido muito mal educada com ele, após estacionar. “Não tem aquela flexibilidade de tempo, procurei, fui até o parquímetro e estava quebrado, tentei pelo aplicativo e estava inoperante, então fui autuado”, reclamou.
Outro participante sugeriu que o valor cobrado do aviso de irregularidade seja revertido ao usuário como crédito para uso futuro do estacionamento e que não seja uma penalidade, favorecendo apenas a empresa e sugeriu a municipalização do serviço.
“Retrocesso é manter o aplicativo do jeito que está com a iniciativa privada. Vocês, no meu modo de pensar, colocando uma empresa privada novamente, tá chancelando a incapacidade da Prefeitura de gerir o estacionamento rotativo. O dinheiro é nosso”, argumentou.
Vagas
Cida Nava, que participou como representantes do Conselho Municipais das Pessoas com Deficiência, sugeriu que a zona azula seja interligada com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, para intensificar a fiscalização de pessoas que usam as vagas de idoso e para deficientes indevidamente, assim como as vagas de tempo curto de utilização.
“Minha sugestão é que a próxima empresa tenha esse contato com a Mobilidade, para que possa funcionar de uma forma, se não tiver a placa de identificação, acionar o guarda”, comentou. Ela também reclamou dos parquímetros quebrados e da dificuldade de conseguir pagar pelo estacionamento da zona azul.
Motos
Teve ainda uma moradora na área central que sugeriu que seja instituída a cobrança pelo estacionamento de motos, por considerar ser uma questão de Justiça, mesmo que seja uma taxa mínima, “Vão contestar, mas se essa mínima for para o bem da sociedade, eu acho que é de grande valor”, argumentou.
Uma idosa que está momentaneamente com dificuldade de mobilidade explicou que a cidade precisa ser preparada para a necessidade desse público e questionou se há previsão no edital do novo chamamento público, previsão de investir parte do que for arrecadado na área social da cidade.
Providências
A audiência pública foi realizada pela Comissão Especial instituída pela Câmara para tratar da zona azul, que é presidida pelo vereador Alceu Batista de Almeida Júnior (PSDB), o Dr. Alceu. Ele informou que todas as sugestões coletadas durante a audiência pública serão incluídas no relatório conclusivo de atividades. “Vamos fazer um relatório e esperamos um serviço adequado para a população”, afirmou.
Também fazem parte da comissão os vereadores Arnaldinho (Cidadania), Coronel Guimarães (União Brasil), Maurício Bem Estar (PP) e Nelsinho Bombeiro (PV). Os vereadores Regininha (Avante), Dr. Jaime (PSDB) e Wesley da Dialogue (Podemos) também estiveram presentes.
Presidente da Associação do Calçadão disse que problemas no serviço de zona azul estão afastando os clientes do comércio (Foto: Lázaro Jr./Hojemais Araçatuba)
Arapark diz que vendas de ticket da zona azul são realizadas em diversas plataformas
Após participar da audiência pública promovida pela Comissão que propõe melhorias no serviço de estacionamento rotativo de Araçatuba e ouvir as reclamações dos usuários, o Hojemais Araçatuba entrou em contato com a Arapark, que é atual prestadora do serviço.
Sobre os questionamentos das atendentes, a empresa informa que a função das colaboradoras é o apontamento dos veículos (fiscalização) e que a venda de tíquetes pelas monitoras representa apenas 1% do total.
Ainda de acordo com a Arapark, as vendas de ticket são realizadas através de diversas plataformas, sendo que o aplicativo Digipare representa 73,11% das vendas; outros 18,27% são dos 35 pontos de vendas; e os parquímetros somam 7,62%.
A empresa afirma ainda que todos os 27 parquímetros instalados na área de zona azul estão em funcionando normalmente. Questionada se há intenção de participar do novo chamamento público, a Arapark informou que isso será uma decisão empresarial futura.
Fonte: HojeMais