QUARTA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 2023 ÀS 10:41:39
Brasil tem 753 mortes por febre maculosa em 10 anos; São Paulo concentra 62% dos óbitos

753 pessoas morreram por febre maculosa no Brasil entre os anos de 2012 e 2022. Os dados do Ministério da Saúde apontam que o país teve 2.157 casos confirmados ao longo de 10 anos, 36% deles registrados em São Paulo. Considerando apenas as mortes, municípios paulistas concentraram 62% do total (467 óbitos).

 

CONTEXTO: nesta semana, o Instituto Adolfo Lutz confirmou que a dentista Mariana Giordano, o namorado dela, Douglas Costa, e uma jovem de 28 anos morreram por causa da doença. Os três estiveram em uma fazenda em Campinas que organiza grandes shows e eventos. As atividades foram suspensas.

 

 

 

Casos e óbitos de febre maculosa no Brasil — Foto: Juan Silva/Arte g1

Casos e óbitos de febre maculosa no Brasil — Foto: Juan Silva/Arte g1

 

 

De acordo com informações do Ministério da Saúde, a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, ela é transmitida pela picada do carrapato. No Brasil, o carrapato-estrela é um dos principais vetores. No entanto, qualquer espécie do parasita pode carregar a bactéria.

 

Existem no Brasil dois perfis ecoepidemiológicos associados às bactérias e eles se concentram no Sudeste e Sul, principalmente. Por isso, é raro o registro de caso/óbitos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

 

  • Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB) considerada a doença grave, registrada no norte do estado do Paraná e nos Estados da Região Sudeste.
  • Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves.

 

Veja os números por região ao longo de 10 anos:

 

  • Centro-Oeste: 31 casos e 1 morte (Mato Grosso em 2014);
  • Nordeste: 34 casos e 1 morte (Pernambuco em 2015);
  • Norte: 16 casos e nenhuma morte;
  • Sudeste: 1.354 casos e 673 mortes (a maioria em São Paulo);
  • Sul: 497 casos e 3 mortes (todas no Paraná, em 2015 e 2017).

 

* Em 2023, 49 casos e 6 óbitos foram confirmados, mas os números são preliminares e podem sofrer alterações.

 

 

São Paulo tem o pior cenário

 

São Paulo lidera o ranking de casos e óbitos entre 2012 e 2022. Os dados do Ministério da Saúde apontam que o estado registrou 467 óbitos, o que representa quase 60% dos 796 casos confirmados em SP.

 

O Sudeste domina a lista de óbitos ao longo dos 10 anos, com Minas Gerais em segundo lugar (109 mortes), Rio de Janeiro (60) e Espírito Santo (37).

 

O Norte não registrou mortes por maculosa; Nordeste e Centro-Oeste contabilizaram uma morte cada; e o Sul confirmou três mortes no período - duas em 2015 e uma em 2017, todas no Paraná.

 

Todas as regiões já tiveram pelo menos um caso de febre maculosa entre 2012 e 2022, mas isso não significa que a doença esteve em todos os estados. Os dados do Ministério da Saúde mostram que Amazonas, Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe nunca confirmaram nenhum caso.

 

A febre maculosa pode matar. Por isso, assim que surgirem os sintomas é preciso procurar uma unidade de saúde para avaliação médica. O tratamento é feito com antibiótico específico e, em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A prevenção da febre maculosa é baseada no impedimento do contato com o carrapato.

 

 

Sintomas

 

Os principais sintomas da febre maculosa são:

 

  • Febre
  • Dor de cabeça intensa
  • Náuseas e vômitos
  • Diarreia e dor abdominal
  • Dor muscular constante
  • Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
  • Gangrena nos dedos e orelhas
  • Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando paragem respiratória

 

Além disso, com a evolução da doença é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

 

 

Exantema e edema de mão na febre maculosa brasileira — Foto: Angerami et al. (2021, p. 1036)

Exantema e edema de mão na febre maculosa brasileira — Foto: Angerami et al. (2021, p. 1036)

 

 

Exantema palmar na febre maculosa brasileira — Foto: Angerami et al. (2021, p. 1.037)

Exantema palmar na febre maculosa brasileira — Foto: Angerami et al. (2021, p. 1.037)


Fonte: G1