SEGUNDA-FEIRA, 10 DE ABRIL DE 2023 ÀS 08:16:44
Chuvas no Maranhão: entenda a situação do estado que tem mais de 35 mil famílias afetadas pelas enchentes

Chuvas deixam casas submersas no Maranhão — Foto: Governo do Maranhão

Chuvas deixam casas submersas no Maranhão — Foto: Governo do Maranhão

 

Mais de 35 mil famílias em 64 municípios estão desabrigadas no Maranhão devido às fortes chuvas que atingem o Estado nas últimas semanas. A grave situação levou o Governo do Estado e o Governo Federal a decretar situação de emergência. Até o momento, seis óbitos foram registrados em decorrência dos temporais.

Devido aos estragos que atingem milhares de famílias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve no Maranhão no domingo (9), onde sobrevoou algumas áreas atingidas pelas enchentes, como as cidades de Trizidela do Vale e Pedreiras.

Acompanhado do governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB) e da comitiva federal, Lula visitou o alojamento da Paróquia Santa Terezinha, em Bacabal, uma das cidades mais afetadas pela enchente e estão abrigadas centenas de famílias.

“O Governo Federal não faltará em nenhuma hipótese às necessidades de cuidar do povo desse estado, sobretudo das pessoas que estão ficando em situação muito desconfortável como as que estão com as casas alagadas”, disse o presidente em pronunciamento, após a visita em áreas atingidas.

 

Entenda, abaixo, a situação do Maranhão devido às chuvas:

 

Quantas cidades estão sendo afetadas pelas enchentes?

 

Vista aérea mostra cratera em Buriticupu, no Maranhão, em 28 de março de 2023. — Foto: REUTERS/Mauricio Marinho

Vista aérea mostra cratera em Buriticupu, no Maranhão, em 28 de março de 2023. — Foto: REUTERS/Mauricio Marinho

 

De acordo com a Defesa Civil do Maranhão, 64 cidades maranhenses estão em situação de emergência devido às fortes chuvas. Apenas uma delas, Buriticupu, cidade a 415 km de São Luís, está em situação de calamidade pública.

Isso acontece devido ao fenômeno das "voçoroças", grandes crateras que geram abismos até 70 metros de largura e 500 metros de profundidade, que se agravaram devido às chuvas, e ameaçam "engolir" a cidade.

Deste número de cidades maranhenses afetadas, 53 foram reconhecidas pelo Governo Federal. 

Veja, no fim desta reportagem, a lista completa de cidades em situação de emergência.

 

O que leva um governo a decretar situação de emergência?

 

O poder público decreta situação de emergência para reconhecer, de forma legal, uma situação anormal provocada por desastres, que podem causar danos superáveis ou suportáveis pela comunidade que foi afetada.

 

 

Há estimativa de quantas pessoas estão afetadas?

 

O Governo do Maranhão estima que, até o domingo (9), 35 mil famílias foram afetadas pelos temporais. Deste número, 7.757 estão desabrigadas ou desalojadas.

 

 

O que provocou as enchentes nas cidades?

 

Áreas atingidas pelas chuvas no Maranhão — Foto: Reprodução/ TV Globo

Áreas atingidas pelas chuvas no Maranhão — Foto: Reprodução/ TV Globo

 

Muitos municípios maranhenses são cortados por importantes rios, responsáveis pelo abastecimento de água e sobrevivência de muitas famílias. Por isso, essas cidades tendem a ser mais sucessíveis a enchentes.

De acordo com o Governo do Estado, os meses de março e abril registram elevados índices pluviométricos especialmente na parte norte do estado e Baixada Maranhense, diante disto, o agravamento das cheias ocorreu especialmente a partir dos primeiros dias do mês de março.

Diversos rios que cortam o estado foram afetados, ficando com nível acima do normal, tais como os rios Mearim, Munim, Itapecuru, Grajaú, Maracu, Pindaré e o extravasamento dos lagos de Penalva, Cajari e Viana.

Por exemplo, o Rio Munim, um dos mais importantes do Maranhão, atravessa cerca de 30 cidades. Em Presidente Juscelino, cidade a 85 km de São Luís, o rio já está sete metros acima do nível normal.

O rio Mearim, que também está com o nível acima do normal devido às chuvas, passa por dentro de mais de 10 municípios.

Já o rio Pindaré, que é afluente do Mearim, tem mais de cinco municípios localizados às suas margens como é o caso de Alto Alegre do Pindaré, cidade a 219 km da capital, que está isolada e debaixo d'água devido a enchente. Ao todo, 450 famílias estão desabrigadas ou desalojadas.

 

Há risco de desabastecimento?

 

Sim. Devido a cheia que também toma conta de algumas rodovias do Maranhão, algumas cidades relataram dificuldades para abastecimento de mantimentos. Alto Alegre do Pindaré, uma das cidades mais afetadas, ficou sem combustível nos quatro postos da cidade e, alguns estabelecimentos comerciais, já estão ficando desabastecidos.

Isso aconteceu devido ao nível do rio Pindaré, que corta a cidade, e ficou sete metros acima do nível normal. A MA-119, rodovia que dá acesso à cidade, está completamente alagada.

O Governo do Maranhão informou que tem trabalhado para conseguir prover ajuda humanitária o mais rápido possível para as famílias atingidas.

 

 

Há cidades isoladas?

 

Sim. Alto Alegre do Pindaré está isolada já que a rodovia MA-119 que, dá acesso à cidade, está completamente alagada.

De acordo com o Governo do Estado, a Vale disponibilizou um trem para transporte de carga e passageiros, entre Alto Alegre do Pindaré e Santa Inês.

 

 

Desde quando o Estado vem sofrendo com as chuvas?

 

O Maranhão está dentro do período "chuvoso" nas cidades maranhenses, que é quando há maior incidência de chuvas e que ocorre entre os meses de janeiro à junho.

Os primeiros registros de estragos, causados pelo fenômeno, começaram a ser registrados ainda em fevereiro, mas a situação se agravou em março, com o aumento no volume de chuva, que deixou milhares de famílias desabrigadas.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA), o estado possui dois períodos climáticos bem definidos, um chuvoso e outro seco. No norte do Estado (litoral), o período é de janeiro à junho, já na região sul, a situação ocorre, aproximadamente, entre os meses de outubro à março.

 

 

A capital também está sendo castigada?

 

Com fortes chuvas, risco de deslizamentos de terra cresce, em bairros de São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante

Com fortes chuvas, risco de deslizamentos de terra cresce, em bairros de São Luís — Foto: Reprodução/TV Mirante

 

Sim. São Luís é uma das 64 cidades que estão em situação de emergência devido às chuvas. Além dela, os municípios de São José de RibamarPaço do Lumiar e Raposa, que estão dentro da chamada Grande Ilha, também têm sofrido as consequências das enchentes.

Desde fevereiro, o Governo do Estado decretou situação de emergência na região. A decisão levou em consideração um parecer técnico da Defesa Civil do Maranhão, que relata as anormalidades registradas na Ilha, com destaque para quatro lugares:

 

  • Região do Mercado Central, em São Luís;
  • Entorno do Rio Paciência (MA-201);
  • Margens do Riacho Verde;
  • Proximidades de um shopping, no bairro Renascença, em São Luís.

 

 

 

 

 

O que as autoridades tem feito pelos atingidos?

 

De acordo com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, mais de R$ 8,5 milhões foram enviados pelo Governo Federal ao estado e a municípios do Maranhão para auxiliar as vítimas de enchentes e alagamentos.

O Maranhão também recebeu ajuda, por meio da Vigilância em Desastres Nacional, pasta dentro do Ministério da Saúde. Com isso, já foram enviados ao estado, três kits para primeiros socorros que atende até 500 pessoas por um período de três meses ou 1,5 mil pessoas por mês.

 

Água das chuvas deixa ruas inundadas em cidade do Maranhão — Foto: Governo do Maranhão

Água das chuvas deixa ruas inundadas em cidade do Maranhão — Foto: Governo do Maranhão

 

Em cada kit, segundo o Ministério da Saúde, há 32 medicamentos, entre eles antibióticos (importantes para conter surtos de leptospirose) e 16 insumos. Também foi enviado ao Estado apoio técnico para a instalação da 'Sala de Situação de Saúde', que ajudou a formular um plano de ação para os primeiros 15 dias.

A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social (Sedes) disse que já foram enviadas 21.400 cestas básicas; 34 mil litros de água e 3.450 colchões às famílias. Para também garantir a alimentação dos atingidos, os restaurantes populares do Estado vão ampliar a oferta de refeições de quentinhas. Até o momento, 140.384 refeições foram entregues.

Empresas privadas também têm prestado apoio às famílias atingidas com o envio de cestas básicas, água potável e roupas. A expectativa é que, com a visita do presidente Lula do Maranhão, outros recursos federais possam ser empregados em apoio às vítimas das enchentes.


Fonte: G1