O ministro da Justiça, Anderson Torres, em imagem de dezembro de 2021 — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Foi publicada, no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta segunda-feira (9), a exoneração do secretário de Segurança Pública, Anderson Torres. A medida ocorre após os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no domingo (8).
A demissão de Torres, que foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL), foi anunciada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), durante os ataques. O ex-secretário era tido como "homem forte" de Bolsonaro e a nomeação dele para o cargo causou desconforto com integrantes do governo Lula (PT) (veja mais abaixo).
A exoneração de Torres foi assinada por Ibaneis Rocha. Na madrugada desta segunda, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador por 90 dias. O cargo deve ser assumido pela vice, Celina Leão (PP).
Já o presidente Lula determinou intervenção federal na segurança pública do DF. Na prática, isso significa que o governo federal será responsável pela área na capital. O interventor nomeado para o cargo é Ricardo Cappelli.
A Advocacia-Geral da União (AGU) também pediu a prisão de Anderson Torres, por omissão na repressão aos ataques. Ele está de férias em Orlando, nos Estados Unidos, mesma cidade onde está Bolsonaro.
Após os casos de terrorismo, ele divulgou uma nota negando conivência nos atos e os classificando como "barbárie". "Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos", escreveu em rede social.
Nomeação e polêmica
Antes de ser ministro do governo Bolsonaro, Anderson Torres foi secretário de Segurança Pública do DF, entre 2019 e 2021. Após deixar o governo federal, ele voltou ao cargo e foi nomeado por Ibaneis Rocha em 2 de janeiro, um dia após a posse.
Segundo apuração da colunista do g1 Andreia Sadi, o pedido para retornar à pasta partiu do próprio Anderson Torres, e causou reações em integrantes do governo Lula (PT) e até de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), já que o ex-ministro era considerado "homem forte" de Bolsonaro, e a escolha ocorreu em meio a uma escalada de tensões.
residente Jair Bolsonaro com o ministro da Justiça, Anderson Torres; mandatário prometeu não demarcar 'nem um centímetro' de terras indígenas — Foto: Divulgação
No dia 5 de janeiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, publicou uma portaria que impede que servidores vinculados ao ministério e que respondam a processos criminais ou administrativos sejam cedidos para outros órgãos da administração pública. Torres é delegado da Polícia Federal.
O ex-ministro responde a dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos processos é por vazamento de inquérito sigiloso do Tribunal Superior Eleitoral. O outro é pela participação na live em que Bolsonaro atacou as urnas eletrônicas e apresentou mentiras sobre o sistema eleitoral.
A medida poderia impedir Anderson Torres de continuar no cargo. À época, Ibaneis chegou a dizer que faria um novo requerimento ao Ministério da Justiça para manter o secretário. Mas no domingo, anunciou a demissão dele.
Resumo dos ataques terroristas
Vidro é quebrado durante invasão ao STF por terroristas — Foto: Reprodução Globonews
Fonte: G1