QUARTA-FEIRA, 15 DE FEVEREIRO DE 2023 ÀS 08:07:24
Gestante em situação de rua morre 2 dias após bebê ser considerado natimorto

A Polícia Civil de Birigui (SP) irá instaurar inquérito para apurar as causas da morte de uma gestante de 36 anos, ocorrida na noite de segunda-feira (13) na Santa Casa de Araçatuba, dois dias após ela passar por uma cesárea de risco e o feto ser considerado natimorto, segundo uma tia. A família informou ainda que a vítima estava em situação de rua e não sabia que ela estava grávida.

O boletim de ocorrência comunicando o óbito da gestante foi registrado na manhã desta terça-feira (14), na delegacia de Araçatuba. Porém, ela já havia estado no plantão policial na noite de sábado (11), quando registrou o boletim de ocorrência comunicando a morte do feto.

Na ocasião, a mulher contou à polícia que foi informada ainda no sábado que a sobrinha dela havia dado entrada na Santa Casa de Birigui e precisou ser transferida para Araçatuba. Ela teria sido submetida a uma cesárea de emergência ainda na manhã de sábado, mas o feto foi declarado natimorto.

Como o médico que fez o atendimento não atestou o óbito, o feto foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para exame necroscópico.

 

Morreu

 

Na manhã desta terça-feira a tia da gestante retornou à delegacia para comunicar a morte da sobrinha, que permanecia internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), em estado clínico considerado grave.

Ela foi informada sobre o óbito por meio de telefonema, durante a madrugada. Como o médico novamente não atestou a causa da morte, o corpo passaria por exame necroscópico e toxicológico no IML antes de ser liberado para velório e enterro.

 

Sem informações

 

A reportagem conseguiu falar por telefone com a tia da gestante, que contou que a sobrinha dela teve como último endereço a cidade de Araçatuba. Entretanto, com a morte do pai dela, alguns anos atrás, ela teria passado a viver nas ruas. A tia inclusive não sabia que a sobrinha estava em Birigui.

Ela contou que só teve conhecimento desse fato quando foi registrar o boletim de ocorrência do óbito do feto, sendo informada pelo escrivão de que a vítima havia dado entrada na Santa Casa de Araçatuba, transferida de Birigui.

A tia não foi informada se a sobrinha procurou atendimento médico por conta própria ou se foi socorrida por alguém e levada para o hospital. Ela contou ainda que a vítima era dependente química e que os médicos relataram a ela que o bebê estaria morto na barriga dela havia três dias, quando foi realizada a cesárea.

“Eu cheguei a vê-la no hospital, de longe, por um vidro, após o parto, e me informaram que o estado de saúde dela era estável, mas hoje ligaram falando que ela havia morrido”, contou. Ainda de acordo com a tia, o médico responsável iria colocar no atestado de óbito que a paciente havia cometido suicídio, mas ela foi contra. A mulher não conseguiu ver se a sobrinha apresentava ferimentos. 

 

Enterro

 

A família foi informada pelo IML de que o exame necroscópico só deve ser realizado na quarta-feira, quando o corpo deve ser liberado para o enterro, que deve acontecer em Araçatuba.

A reportagem questionou sobre as condições em que a paciente deu entrada, se tinha ferimentos e o período da gestação, mas a Santa Casa de Araçatuba informou que não pode fornecer informações sobre o prontuário médico de pacientes.

Como o primeiro atendimento teria ocorrido em Birigui, o inquérito deverá ser instaurado pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) da cidade, assim que foi comunicada dos óbitos, o que não havia acontecido até a tarde desta terça-feira.

 

Investigação

 

O delegado Ícaro Oliveira Borges explicou que será necessário conhecer os laudos necroscópicos do feto e da mulher para avaliar se constam todas as informações de interesse criminal. Também deve ser solicitada cópia do prontuário de atendimento médico-ambulatorial das vítimas, que precisará ser traduzido por um médico legista em linguagem jurídica.

Somente após ter conhecimento dessas informações é que será possível saber se há ou não é caso de possível crime.


Fonte: HojeMais