QUINTA-FEIRA, 27 DE ABRIL DE 2023 ÀS 08:14:10
Guardas municipais demitidos teriam agredido presos por mais de 1 hora

O chefe de Gabinete falou sobre o caso em entrevista à rádio Cultura FM (Foto: Reprodução)

 

O chefe de Gabinete da Prefeitura de Araçatuba (SP), Deocleciano Borella, revelou que os guardas municipais demitidos na semana passada, conforme publicado pelo Hojemais Araçatuba na segunda-feira (24), teriam agredido o grupo de presos em saída temporária por mais de 1 hora na rodoviária da cidade.

As informações foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (26) durante entrevista ao programa Jornal de Verdade, na rádio Cultura FM. Na sexta-feira (21), quando as demissões de quatro guardas foi publicada no Diário Oficial, o Hojemais Araçatuba procurou a administração municipal para informar o motivo das demissões.

A resposta veio somente na tarde de segunda-feira, informando que "trata-se de um assunto administrativo interno e de conhecimento restrito aos interessados, sendo vedada sua divulgação".

Apesar de teram sido publicadas quatro demissões no Diário Oficial de sexta-feira, Borella informou que cinco guardas foram punidos com a pena máxima no caso em apuração. Outros quatro foram advertidos.

 

Caso

 

Segundo o chefe de Gabiente, ele teve conhecimento do caso numa manhã de segunda-feira de outubro, ao ser procurado pelo secretário municipal de Segurança Pública, Antônio Erivaldo Gomes Assêncio, o Ery, informando que algo diferente teria ocorrido na rodoviária no final de semana, porque teria ocorrido um "burburinho" entre os guardas.

Mais tarde, durante reunião com guardas municipais no Paço Municipal, um grupo de guardas foi visto olhando em um monitor e descobriu-se que se tratavam das imagens das agressões gravadas pelas câmeras de monitoramento da Prefeitura, que funciona no mesmo imóvel da rodoviária.

 

Agressões

 

De acordo com ele, os presos em saída temporária teriam sido retirados do ônibus na rodoviária por estarem sendo inconvenientes. A pessoa que acionou a Guarda Municipal não teria se apresentado.

Ainda segundo Borella, ao fazer a abordagem, os guardas mandaram que encostassem na parede para serem revistados e a partir daí teriam ocorrido as agressões.

"Nós temos tudo filmado. Isso perdurou por uma hora e meia, uma hora e meia de gravação. Então, eles colocaram revólver na cabeça da pessoa, pistola na cabeça, agredia com chutes, agredia com socos, inclusive um teve até a roupa rasgada naquele sentido de olhar a tatuagem, então foi uma hora e meia de agressão", relatou.

 

Procedimento investigatório

 

Durante a entrevista o chefe de Gabinete informou que diante das evidências, não havia outra medida a ser adotada a não ser a instauração do procedimento investigatório interno. Ainda de acordo com ele, no mesmo dia foi determinada retirada dos guardas investigados da rua, passando a atuar apenas administrativamente.

"Ouvimos todos os guardas, todos foram ouvidos, foi instaurado o procedimento apuratório para que a gente entendesse os fatos, mas as gravações, aquelas cenas, falam por si", declarou.

 

Imagens

 

Ele explicou que essas imagens foram retiradas do sistema para que não fossem divulgadas, com o objetivo de preservar a imagem da instituição Guarda Municipal. "A divulgação só iria macular a imagem da Guarda, porque os guardas fazem um excelente trabalho na nossa cidade, e a ação desses guardas, desses cinco que tomaram essa atitude, não são más pessoas, mas erraram e têm que ser penalizados por isso", argumentou.

Borella reforçou ainda que todos os investigados foram ouvidos preliminarmente, tiveram o direito de defesa durante o procedimento que resultou nas punições e as imagens foram apresentadas ao Jurídico do Sisema (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais).

Ele argumentou que os guardas podem recorrer das demissões na Justiça, requerendo as imagens para serem anexadas ao processo. Essas imagens também foram encaminhadas ao Ministério Público, segundo o que foi informado.

 

Defesa

 

Na segunda-feira o Hojemais Araçatuba ouviu Elisangela Vieira Honório, presidente da Assema (Associação dos Servidores da Secretaria de Segurança Pública de Araçatuba), entidade que representou juridicamente no processo administrativo oito dos nove guardas municipais investigados.

Ela informou que desde início a entidade não concordou com a forma como começou o processo administrativo que resultou nas penalidades, mas afirmou que isso não interferiu no andamento do processo.

Elisangela confirmou que existe a possibilidade de recurso judicial e caberá aos guardas penalizados darem seguimento.


Fonte: HojeMais