Luiz Ferreira da Silva, 29 anos, que foi morto na noite de domingo (25) com uma facada no pescoço, em Birigui (SP), por pouco não foi decaptado, segundo análise inicial da perícia feita no local. Esse foi um dos motivos que levou o delegado Eduardo Lima de Paula, que presidiu a ocorrência, a decretar a prisão em flagrante do cunhado dele, por homicídio qualificado por meio cruel.

O jovem de 23 anos foi preso ao procurar atendimento no pronto-socorro. Ele tinha um corte em uma das orelhas e alegou legítima defesa, justificando que teria defendido a irmã dele de suposta agressão. 

O crime aconteceu na frente da residência da família, no bairro João Crevelaro, no início da noite. A companheira de Silva, que foi encontrada no pronto-socorro com o irmão dela, disse à policia que o casal estava junto havia seis meses e que está grávida também de aproximadamente seis meses.

Ela alegou que a relação era conturbada, que já havia sido agredida e registrado um boletim de ocorrência no início de abril contra ele. Ainda de acordo com a mulher, na mesma casa moravam uma filha dela, o irmão, acusado do assassinato, a cunhada e os dois filhos da cunhada dela. 

Ciúmes

Segundo a mulher, Silva não a deixava sair de casa e, por volta das 11h de domingo, ela telefonou para ele comunicando que iria a um churrasco acompanhada do irmão. O companheiro dela não teria gostado, a teria mandado esperar, mas quando chegou em casa, deixou que ela fosse com o irmão ao churrasco.

Porém, por volta das 14h30 ele teria aparecido e mandado ela ir embora, mas não foi atendido. A mulher disse à policia que ela e o irmão só voltaram para casa por volta das 18h. Ao encontrar o portão trancado eles teriam chamado por Silva, que já teria saído de casa segurando uma faca.

Ele teria ido na direção da companheira, que foi defendida pelo irmão, que veio a sofrer um corte em uma das orelhas. Após ser ferido o investigado teria corrido para uma rua lateral, enquanto Silva teria ido em direção à companheira do autor.

A companheira de Silva disse à policia que gritou nesse momento e passou a ser perseguida por ele, que a teria derrubado ao empurrá-la e tentado esfaqueá-la, principalmente na barriga, por estar grávida.

Galho

Para defendê-la, o irmão dela teria batido na cabeça da vítima com um galho de árvore. Os dois teriam entrado em luta corporal e o autor conseguiu desarmar Silva e cortar o pescoço dele.

Em seguida os dois deixaram o local em um Ford Corcel 2 que teria apresentado problema mecânico, por isso eles telefonaram para a mãe deles, que os levou para o pronto-socorro para atendimento médico, onde foram detidos por policiais militares.

Em depoimento, o acusado confirmou a versão dada pela irmã dele à polícia, alegando que os fatos foram presenciados por alguns vizinhos. Disse ainda que o ferimento que sofreu na orelha ao ser atacado pelo cunhado precisou de cinco pontos para sutura.   

Segundo o acusado, ele precisou bater duas vezes na cabeça da vítima para que soltasse a faca. E para impedir que prosseguisse com as agressões, mesmo após os golpes na cabeça, pegou a faca e passou no pescoço do cunhado, que caiu e foi deixado na via, enquanto ele fugiu com a irmã de carro, levando a faca. Por fim, afirmou que só matou o cunhado para que parasse com as agressões.

Preso

O delegado decidiu pela manutenção da prisão por homicídio qualificado pelo meio cruel, por entender que inicialmente não ficou evidenciada a legítima defesa, devido ao excesso por parte do investigado.

Durante a perícia, foi encontrada outra faca próximo da calçada da residência onde ocorreu o crime. O corpo da vítima estava em uma área de gramado do outro lado da mesma rua, perto de uma pilha de lenha. Junto foi apreendido um dos galhos com marcas de sangue.

A perícia inicial apontou ainda que a vítima tinha duas lesões na parte de trás da cabeça e um corte grande e profundo feito com faca no pescoço, iniciando pouco abaixo do maxilar e seguindo até perto da coluna vertebral.

Havia grande quantidade de sangue no local e o carro usado na tentativa de fuga foi encontrado em uma avenida próxima, em um dos últimos quarteirões da via, parado sentido a uma estrada rural. Para a polícia, isso indica que o acusado pretendia fugir sem prestar socorro à vitima.

Faca

No banco do motorista foi encontrada a faca usada no crime, que foi recolhida para perícia junto com a outra faca encontrada na frente da residência e com o pedaço de madeira com sangue.

O local onde ocorreu o crime passou por perícia e o corpo da vítima foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para exame necroscópico e toxicológico. O acusado deverá passar por audiência de custódia.