TERÇA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO DE 2022 ÀS 17:49:48
PDT anuncia apoio a Lula no segundo turno das eleições e diz que Ciro endossa decisão

Ciro Gomes anuncia que vai acompanhar posição do PDT de apoiar Lula em segundo turno

Ciro Gomes anuncia que vai acompanhar posição do PDT de apoiar Lula em segundo turno Reprodução

O PDT anunciou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno contra o atual chefe do Planalto, Jair Bolsonaro (PL). O anúncio foi feito após a reunião da Executiva nacional do partido. O consenso foi fechado na manhã desta terça-feira. Conforme o GLOBO antecipou ontem, o ex-presidenciável da sigla, Ciro Gomes, seguiu a decisão da legenda. Ele, no entanto, não deve fazer campanha para o petista. Em uma pronunciamento oficial, na tarde desta terça-feira, Ciro disse que acompanharia o partido afirmando ser a 'a última saída'.

— A decisão foi unânime. Foi uma decisão unânime e agora vamos comunicar isso com o PT — disse Carlos Lupi, presidente do PDT — É decisão de apoiar o mais próximo da gente, a candidatura do Lula. Uma candidatura que eu chamo de 12+1 — completou.

O presidente do PT afirmou ainda que Ciro Gomes endossa a decisão tomada pelo partido, mesmo depois de uma série de ataques a Lula durante a campanha. Pouco depois, Ciro divulgou um vídeo confirmando o apoio.

— Ciro participou da reunião e disse que endossa integralmente a decisão do partido — disse Lupi, que depois afirmou: — Ciro não viajará, ficará aqui no Brasil e já declarou esse apoio através do partido — falando, fazendo menção a ida do ex-presidenciável a Paris, no segundo turno de 2018.

Veja fotos da campanha de Lula à Presidência da República

Lula participa de comício ao lado de Haddad em Grajaú, São Paulo, na tarde de sábado. — Foto: Maria Isabel Oliveira

O comício de Lula no Grajaú (SP) — Foto: Maria Isabel Oliveira

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Felipe Neto e Lula se encontram no Rio de Janeiro — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

 

Sobre as críticas de Ciro a Lula, Lupi disse que o processo político às vezes se acirra.

— O processo político às vezes se acirra de uma maneira, eu vivenciei isso com Lula e Brizola em 1989. Um disse que não engolia o sapo barbudo, outro que tinha fugido com a saia da mãe. Era uma coisa muito forte, mas não impediu de Brizola de estar com Lula na campanha [naquele ano] — disse, lembrando o ex-governador do Rio Leonel Brizola.

Desde ontem, o presidente do partido tem conversado com lideranças do PT sobre o apoio ao ex-presidente. O cacique pedetista negociou para que a campanha de Lula absorva propostas caras ao PDT em troca do palanque ao ex-presidente. As prioridades do partido são a renda mínima, no valor de R$ 1 mil, o programa para renegociar dívidas e limpar o nome de pessoas físicas e jurídicas do SPC e Serasa, e a escola em tempo integral. Lupi disse também que vai propor ao PT o Código Brasileiro do Trabalho.

— Ainda não foi falado ao PT, quero ser justo, mas será colocado a questão do Código Brasileiro do Trabalho. Para a gente é fundamental, nós somos um partido trabalhista e é natural que o PT tenha essa mesma visão. É a defesa dos trabalhadores e a revogação de tudo que quer prejudicar o trabalhador brasileiro — explicou Lupi.

O presidente do partido também foi convidado pela campanha de Lula para reunião nesta terça-feira, em São Paulo. Ele deve se encontrar com Lula ainda hoje.

No anúncio de hoje, Lupi também deixou claro que o apoio a Lula é uma decisão do partido e que não vai admitir que nenhum de seus membros fique ao lado de Bolsonaro:

— [O apoio] é um não muito grande a Bolsonaro e ao que ele representa. Bolsonaro, na nossa opinião, representa o atraso do atraso desse país, um aspirante a ditador. Não admitimos nenhum pedetista apoiando Bolsonaro — disse Lupi, que depois ressaltou: — O nosso trabalho para derrotar Bolsonaro tem que ser a prioridade absoluta.

 

Ciro acompanha partido

 

No pronunciamento, Ciro Gomes afirmou que acompanha a decisão de seu partido de apoiar o ex-presidente Lula. O pedetista, porém, não citou em nenhum momento o nome do petista nem sua sigla. O presidenciável lamentou a disputa entre Lula, a quem deferiu duros ataques ao longo da campanha ao Planalto. Ciro ainda disse não acreditar que a "democracia esteja em risco no embate eleitoral". Completou dizendo que disputa entre os dois adversário mostra "o fracasso da democracia".

— Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que reste aos brasileiros duas opções que ao meu ver, insatisfatórias. Não acredito que a democracia esteja em risco nesse embate eleitoral, mas sim no seu absoluto fracasso da nossa democracia em construir um ambiente de oportunidades que enfrente a mais massiva crise social e econômica que humilha a esmagadora a maioria do nosso povo — afirmou.

 

Histórico de união

 

Historicamente, o PDT sempre esteve ao lado do PT em disputas de segundo turno à Presidência. Em 2018, o partido pedetista anunciou "apoio crítica" ao ex-ministro Fernando Haddad, então candidato petista, já no domingo, logo após o resultado. Na ocasião, pesou para a decisão a posição de Ciro, que junto com o irmão, Cid, viam no apoio uma forma de fortalecer a aliança entre os dois partidos no Ceará, berço político da família Ferreira Gomes.

 

Ciro ficou em quarto lugar na disputa ao Palácio do Planalto, com apenas 3% dos votos. Em sua primeira declaração após a derrota, o pedetista afirmou estar “profundamente preocupado” com o futuro do país, além de pedir um tempo antes de se posicionar.

Ao longo da campanha, o pedetista deferiu duros ataques a Lula e o clima entre os dois piorou na reta final, quando o petista adotou a estratégia do voto útil, ou seja, priorizou a atração de eleitores de Ciro sob argumento de que o pedetista não tinha chance de vencer a eleição e, portanto, a opção por Lula seria o caminho mais eficiente para derrotar Bolsonaro.

Apesar dos embates, apurou a reportagem, Ciro considera necessário uma unificação do PDT, que saiu enfraquecido da eleição. A legenda perdeu duas cadeiras na Câmara Federal, saindo de 19 para 17 deputados, não conseguiu eleger nenhum de seus candidatos aos governos estaduais.

Sobre esse resultado, Lupi afirmou que o partido terá que fazer uma avaliação para descobrir onde errou:

— Se a gente não conseguir a população a votar na gente, o erro é nosso. Temos que refletir sobre isso, saber onde erramos.


Fonte: G1