SEXTA-FEIRA, 11 DE NOVEMBRO DE 2022 ÀS 15:46:04
PRF aponta empresário bolsonarista Emilio Dalçoquio como líder de atos ilegais que bloquearam rodovias em SC

Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontou Emilio Dalçoquio Neto como um dos líderes dos atos ilegais que fecharam rodovias em Santa Catarina. O nome do empresário, que chegou a ser investigado pela greve dos caminhoneiros em 2018, é citado em um documento enviado pela polícia ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No dia 30 de outubro deste ano, mesmo dia em que as rodovias começaram a ser fechadas no estado, Dalçoquio foi gravado discursando para um grupo de bolsonaristas. Na ocasião, pediu para que suas palavras fossem compartilhadas em grupos de aplicativos de conversa, após chamar para os bloqueios "inicialmente pacíficos".

 

"O que eu disse aqui tem que reverberar pelo país inteiro, como nós temos aqui 380 grupos, do Rio Grande do Norte, Belém a Uruguaiana".

 

Os bloqueios de com grupos contrários ao resultado das eleições começaram em 30 de outubro, depois de confirmada a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições. Somente Santa Catarina chegou a ter quase 70 atos simultâneos nas estradas.

Em um mapeamento de 30 de outubro, data do 2º turno da eleição presidencial, até 6 de novembro, a PRF informou ao Supremo Tribunal Federal ter identificado e multado 40 pessoas físicas e 10 empresas por organizarem os atos.

Desde segunda-feira (7), não há registro de locais novamente fechados pelos manifestantes.

 

Emilio Dalçoquio chama para bloqueios em SC — Foto: Redes Sociais/Divulgação

Emilio Dalçoquio chama para bloqueios em SC — Foto: Redes Sociais/Divulgação

 

Liderança no movimento

No ofício, ao qual o g1 SC teve acesso nesta sexta-feira (11), o empresário é citado como uma "liderança dos bloqueios em Itajaí", no Litoral Norte. O documento é assinado pelo superintendente da PRF em Santa Catarina, André Saul Do Nascimento, em 3 de novembro deste ano e faz parte de um processo do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os bloqueios que ocorreram no país logo após as eleições.

No mesmo ofício, além de Dalçoquio, outras 22 pessoas são citadas como “lideranças que atuam nesses movimentos, bem como [proprietários de] alguns veículos utilizados nos bloqueios”.

 

O que diz o empresário

O g1 SC procurou o empresário e a defesa, mas não teve retorno até a última atualização deste texto.

Em uma rede social, o empresário negou que faz parte dos atos. Disse também que "como é garantido a todo cidadão, tenho o direito de me manifestar de forma ordeira e pacífica, nos exatos limites da liberdade de expressão prevista na Constituição Federal".

"Meu posicionamento político é conhecido e claramente definido e, assim, dentro da estrita legalidade, sempre me expressarei para apoiar e defender a democracia, o estado democrático de direito e as liberdades individuais e coletivas previstas na Constituição do Brasil", concluiu.

 

O que dizem as autoridades

A reportagem procurou o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

Até as 11h50, o MPT disse que não havia informações sobre investigações relacionadas ao empresário ou à empresa que leva seu sobrenome.

PRF não se manifestou.

O MPSC afirmou, através de e-mail, que já foram divulgadas todas as informações que poderiam ser passadas sobre os bloqueios.

Na quarta-feira (9), O MPSC havia informado que ao menos 12 empresários e agentes públicos de Santa Catarina foram identificados por financiar e organizar os bloqueios. Os nomes e outros detalhes, no entanto, não foram divulgados.


Fonte: G1