
Três pessoas da mesma família ficaram feridas após serem atingidas por fogos de artifício durante a festa de Réveillon na orla da praia da Guilhermina em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Ao g1, nesta sexta-feira (6), a pedagoga Érika Panca, de 26 anos, disse que ficou traumatizada com a situação e que o município deveria intensificar a fiscalização para que isso não ocorra. "As pessoas que estão ali não respeitam e acabam ferindo outras em um dia festivo".
Érika disse que os avós e a mãe moram em um prédio próximo à orla e que eles desceram apenas para ver a queima de fogos e que retornariam ao apartamento logo em seguida. "Faltando 15 minutos mais ou menos a gente resolveu descer. Lembro que insisti muito para a minha irmã, que tem sete anos, ir comigo, [mas] decidiu que não queria ir de última hora, então minha mãe, meu padrasto [e ela] ficaram no hall do prédio".
Ela, a esposa, o tio e os avós desceram, mas ficaram mais afastados, pois ficaram com receio de ter arrastão. "Já tinha esse pessoal que estava soltando fogos na areia, só que a gente estava bem afastado. A gente acabou nem se preocupando, nunca passou na cabeça que isso ia acontecer".
"Lembro de ter falado 'ainda faltam 10 minutos' e aí aconteceu. Só lembro de ter visto algo vindo muito rápido, bateu na minha barriga, coloquei a mão na frente e, naquele momento, fiquei paralisada. Todo mundo falando em volta, mas não conseguia reagir. Uma moça parou e falou que minha calça estava pegando fogo, a gente apagou. Só lembro de chorar muito", contou.
Pedagoga ficou com a barriga ferida após ter sido atingida por fogos de artifício, na noite do último sábado (31), em Praia Grande — Foto: Arquivo Pessoal
Segundo a pedagoga, o avô falou para ela se acalmar, mas ela pediu pra ir embora. "Aí ele me levou, vi que meu tio tinha cortado a perna, minha esposa também na coxa. Ela falou que um cara falou que a roupa dela estava pegando fogo, ele apagou e a roupa ficou toda queimada, cheia de furos. Minha avó estava bem assustada também, ficou sem ouvir de um lado e vai ter que voltar no médico".
"O meu [ferimento] foi na barriga, um impacto muito forte, [ficou] roxa e a minha mão queimou, mas graças a Deus não foi nada muito grave. O físico está bem tranquilo, os dois que tiveram cortes estão fazendo tratamento, passando o que precisa e tomando medicação. Fica mais o dano psicológico, medo, parte do arrependimento de ter descido. Quando estava voltando do hospital vi a notícia da moça que morreu e aí bateu aquele 'meu Deus, poderia ter sido pior'", disse.
Trauma
Ela contou que ela e a família não viram nada da queima de fogos. "Quando começou a gente estava no apartamento, a gente se abraçou, meu tio tentou acalmar a gente. Ele conseguiu tirar o carro da garagem e fomos direto para o hospital. A gente não viu fogos nenhum, não viu mais nada, só se enfiou no carro e foi embora".
"Depois que vimos o caso da outra moça [que morreu] ficamos muito nervoso com a questão de que poderia ter sido muito pior. A gente não viu o rosto [de quem soltou], não sabe diretamente quem é e se eles viram. Acredito que não serão localizados, tinham muitas pessoas", disse.
Pedagoga sofreu queimadura na mão e a esposa dela teve ferimento causado pelo fogo de artifício na coxa — Foto: Arquivo Pessoal
A pedagoga disse, ainda, que mesmo com a proibição no município muitos estabelecimentos comercializam os produtos. "Não tem fiscalização, é de fácil acesso, muita gente na rua soltando. Os policiais, os guardas deveriam ir nessas pessoas que estão soltando, pois não estão só com uma. Tem a lei, mas não acontece nada".
"Com certeza será algo que eu não farei novamente. Eu nunca mais quero ir de novo correr esse risco", finalizou.
O que diz a prefeitura?
Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que foram realizadas forças-tarefas na noite da virada do ano por equipes das Secretarias de Urbanismo, Segurança Pública, Trânsito e Meio Ambiente para coibir a comercialização e utilização de fogos de artifício na cidade, mas que não ocorreu autuação ou apreensão relacionada à atividade.
A administração ressaltou, ainda, que, de acordo com a Lei Municipal n° 744, de outubro de 1991, é proibido a venda e comercialização de fogos de artifício no município, e que conta com o apoio da população para que não utilize este tipo de produto, que coloca em risco a vida das pessoas.
Três pessoas da mesma família ficam feridas após serem atingidas por fogos de artifício na festa de Réveillon em Praia Grande — Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: G1